As empresas “morrem” e isso pode acontecer por “causas naturais” ou não. Todos convivemos com exemplos dessa realidade de maneiras mais ou menos diretas e dolorosas. Ainda que haja variações nas experiências de cada um, a relevância desse assunto é certa para empreendedores, empregados, investidores, clientes, fornecedores e entidades de fomento, além das famílias diretamente afetadas.
O ciclo de vida das empresas
Entre os extremos da criação e da extinção de uma empresa, visualiza-se um ciclo de vida ou de maturação explicável por diferentes modelos. Esses não profetizam o fim inescapável das organizações, mas indicam inúmeros comportamentos críticos e pontos de trajetória, nos quais a decadência, a fragmentação, o colapso e, finalmente, a extinção tornam-se mais prováveis. Dentre os melhores estudos nesse campo, há aqueles realizados por Ichak Adizes, Larry Greiner, além de Mel Scott e Richard Bruce.
Na média, as empresas “vivem” bem menos que as pessoas
Quanto ao estado de Goiás e ao Brasil em geral, sabe-se que a mortalidade precoce de empresas é bastante considerável. Nos dois casos, os números alcançam 29%, conforme os levantamentos feitos pelo IBGE e pelo SEBRAE nos últimos anos. Como referência adicional, o percentual de empresas ativas há mais de 55 anos era de apenas 0,1% em Goiás. No Brasil, esse número era 0,37%. De fato, a expectativa de vida média das empresas é bem menor que a dos homens e mulheres em nosso país.
A mortalidade precoce ocorre quando uma empresa é extinta nos cinco primeiros anos da sua criação. Os estudos desse fenômeno não são de agora e sabe-se que as suas causas podem ser muitas. O SEBRAE realiza pesquisas sistemáticas a esse respeito e a mais recente não trouxe grandes novidades para o quadro da última década. Dentre os fatores que mais contribuíram para a mortalidade das empresas estão: o pouco preparo do empreendedor; o planejamento e a gestão deficientes; e as condicionantes adversas externas, tais como pandemia, recessão etc.
O ciclo de vida das empresas pode ser alongado
Uma vez que existem diagnósticos e estatísticas quanto à mortalidade dos empreendimentos, é bom saber que também há propostas fundamentadas de comportamentos, as quais buscam a maior perenidade dos negócios. O livro Feitas para Durar, de Jim Collins e Jerry Porras, é um exemplo interessante e que oferece considerações importantes a esse respeito.
Em síntese, é evidente que o ato de empreender não pode ser uma “aposta” cega, pouco consistente ou até mesmo uma ação desesperada por falta de outras opções. Também é evidente que um empreendimento exitoso depende de várias condições. Capacitação, informação atualizada, experiência, apoio, talento, liderança, adaptação, resiliência, recursos, ecossistema receptivo e até alguma sorte são importantes nesse contexto.
A solução do desafio geral
Sob a perspectiva maior da sociedade brasileira, entendemos que o enfrentamento da extinção prematura dos negócios envolve três eixos principais:
- Fortalecimento e difusão da cultura do empreendedorismo em suas diversas aplicações, o que passa pela educação e capacitação dos gestores.
- Implementação de políticas de desenvolvimento robustas e indutoras de ecossistemas virtuosos e suficientemente previsíveis.
- Debate amplo e acessível quanto aos cenários futuros e às tendências de maior impacto regional, o que inclui considerar as exigências da economia 4.0.
Conclusão
Atirar no escuro não é mesmo uma boa estratégia para se empreender.Também não é bom adotar a estratégia “coração de mãe” (clique aqui).
Escapando desses caminhos deletérios, aumentar a sobrevida das empresas é um desafio complexo e a solução não é somente uma questão individual ou setorial. Assim é que existem muitas iniciativas estatais e privadas, as quais contemplam órgãos governamentais de fomento, centros acadêmicos e entidades com e sem fins lucrativos. Alcançar a maior sinergia possível entre essas iniciativas é uma condição muito desejável não apenas para o empreendedor em si, mas também para Goiás e para o Brasil em termos mais amplos. Certamente, há muitas oportunidades a serem exploradas nesse universo.
Gostou do conteúdo? Visite a nossa Home para conhecer mais sobre a FOCO ESTRATÉGIA e as soluções que oferecemos para muitos desafios organizacionais!
Existem entidades que apoiam os empreendedores inexperientes. O SEBRAE principalmente e muitos sindicatos patronais tb. Numa boa, deixar de se preparar e de bem planejar o seu negócio não pode ser atribuído à falta de oportunidades. Tem empreendedor que afoito, deslumbrado ou acha que sabe tudo. A extinção da empresa na maioria das vezes vem daí. Minha opinião.
O interessante do artigo publicado é realizar uma tentadora comparação entre a expectativa de vida como seres humanos com a longevidade para o nosso negócio, mesmo que seja grosseira. Praticamente a ideia de saúde para as pessoas valem para as empresas. Quero dizer que, no geral, quem se preocupa em viver mais, seja na área pessoal, seja no mundo dos negócios, geralmente alcançam uma maior duração. Claro que ninguém está longe de infortúnios, como também foi citado no artigo, porém se preocupar com ciclo de vida das organizações quando é necessário uma “hospitalização” imediata, me referindo a processos de recuperação ou falência, acarretam consequências dolorosas para a sociedade. Dinheiro público é retirado de investimentos e o desemprego reduz o poder de compra de determinadas famílias. Esse artigo realmente é sempre atual!
Casos reais… Eu sou um e quase pedi música no Fantástico! A realidade de um fracasso precoce é dura! Tem que sair vendendo tudo e a preço de banana. É horrível e balança a confiança na gente mesmo. Desejo isso pra ninguém! Se puder, retorna no e-mail.
Texto interessante, pois destaca a importância da gestão estratégica para a longevidade empresarial. Estou vendo temas similares na minha pós, mas estudos de casos concretos são deixados meio de lado. O autor poderia aprofundar mais sobre o papel da inovação e adaptação às mudanças de mercado? Além disso, a análise de casos reais de sucesso e falha seria interessante. Cabe isso por aqui?